Truffaut e o amor
Ao contrário do meu colega de blog, eu realmente amo François Truffaut. É verdade que não consegui ainda ver todos os seus filmes, mas a boa parte que vi já deu para me apaixonar. E a cada filme esse sentimento cresce, como nesse fim de semana quando finalmente consegui ver Duas Inglesas e o Amor. É desses filmes que nos inebria e quando acaba se está completamente invadido por um sentimento inexplicável.
Primeiro que um filme do Truffaut com Jean-Pierre Léaud já tem metade de chances de eu gostar, segundo que é inacreditável com que sensibilidade e beleza ele consegue contar uma história de amor tão controversa, entre um rapaz (Léaud) e duas irmãs, Anne (Kika Markham) e Muriel (Stacey Tendeter). Sim, lembra a trama de Jules e Jim, tanto que Claude, personagem de Léaud, em determinado momento comenta que irá escrever um livro sobre dois homens que se apaixonam pela mesma mulher, além de que os dois filmes são baseados em livros do autor francês Henri-Pierre Roché.
Mas ao contrário de Jules e Jim, o relacionamento entre Claude e as duas irmãs é bem menos passional e muito mais terno, o que resulta em um filme menos carnal. Se no seu filme, Jeanne Moreau destrói a amizade dos amigos Jules e Jim, em Duas Inglesas e o Amor Claude apenas aproxima mais ainda as duas irmãs, já que elas precisavam de um ponto de ruptura para continuar suas vidas adiante e individualmente.
Por fim são dois grandes filmes, que provam a impressionante destreza com que Truffaut consegue abordar o amor. Sem sentimentalismos, sem clichês, na verdade muito pelo contrário. A humanidade extrema de seus personagens é tocante e ao mesmo tempo um pouco incomoda por ser real demais.
O amor para Truffaut é visceral, humano, sem joguetes. Sua inspiração maior para realizar seus filmes. Suave no princípio, extremamente envolvente em seu desenrolar e totalmente arrebatador no fim.
--
Duas Inglesas e o Amor
(Les deux anglaises et le continent - França, 1971)
Direção: François Truffaut
Elenco: Jean-Pierre Léaud, Kika Markham e Stacey Tendeter
cor - 130 min
Marcadores: diretores, nouvelle vague